Smart surveillance em aplicações recentes no Brasil:Um estudo de caso nas cidades de Recife e Curitiba
DOI:
https://doi.org/10.7769/gesec.v7i2.549Palavras-chave:
smartsurveillance, inteligenciamento urbano, Recife, CuritibaResumo
A prática de coletar informações do meio evoluiu ao longo do tempo, e o advento tecnológico dos últimos anos gerou mudanças substanciais neste processo. A utilização de tecnologias cada vez menores e mais sofisticadas para fins de vigilância, prevenção e militarização do espaço urbano é parte deste processo, e constitui a chamada smartsurveillance. No Brasil, o exemplo mais recente e de maiores proporções deste tipo de aplicação é a criação dos CICCs - Centros Integrados de Comando e Controle - para a Copa do Mundo FIFA 2014. Neste contexto, a presente pesquisa questiona de que forma ocorreram os processos de smartsurveillance implementados em cidades brasileiras na ocasião. Objetiva-se identificar de que modo o aparato tecnológico para vigilância instalado vem sendo utilizado nas cidades de Recife e Curitiba, no sentido de aproveitar o legado do evento esportivo e de contribuir para a gestão tecnológica do espaço urbano e para a redução da criminalidade. A escolha dos estudos de caso ocorreu devido a critérios populacionais, de similaridade no número de jogos recebidos e de aproximações em rankings que medem índice de criminalidade urbana. A metodologia aplicada envolveu teoria e análise de discurso Laclau & Mouffe (1985), e critérios de caracterização da vigilância eletrônica Bruno (2012). Os resultados indicaram que em ambas as cidades, a implantação dos CICCs se assemelha a um tipo moderno de panóptico, o qual está baseado no discurso do combate aos problemas sociais e à violência urbana, além da relativa isenção da liberdade e do anonimato.
Downloads
Referências
Aceco TI (s/d). Centro Integrado de Comando e Controle: Soluções de Infraestrutura e TI para ambientes críticos. Recuperado de http://www.acecoti.com.br
Amin, A., & Thrift, N. (2002). Cities: reimagining the urban. Cambridge: Polity Press.
Band Cidade Curitiba (2014). Milhares de câmeras de segurança são instaladas em Curitiba e nas estradas para a Copa. Vídeo com reportagem disponibilizada no YouTube em 15 de abril de 2014. Recuperado em 5 de maio de 2016, de https://www.youtube.com/watch?v=AaDYpZZs5aE
Batista, M. de M. (2013). Muito além da vigilância eletrônica: um estudo acerca do discurso governamental do Centro de Comando e Controle Integrado de Pernambuco (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-graduação em Administração, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
Bauer, M. W., & Aarts, B. (2002). A construção do corpus: um princípio para a coleta de dados qualitativos. In M. W. Bauer & G. Gaskell (Eds.), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som (pp. 39-63). Petrópolis: Vozes.
Beck, U. (2006). Risk society: towards a new modernity. London: Sage.
Boggard, W. (1996). The simulation of surveillance: hypercontrol in telematic societies. Cambridge: Cambridge University Press.
Bruno, F. (2013a). Máquinas de ver, modos de ser: vigilância, tecnologia e subjetividade. Porto Alegre: Sulina.
Bruno, F. (2013b). Vigilância hoje. Entrevista concedida a Eduardo de Jesus. Dispositiva, 2(1), 75-82.
Cardoso, B. V. (2011). Vigilantes eletrônicos no Rio de Janeiro: agenciamentos sociotécnicos e pesquisa em tecnologia. Configurações, 8, 97-108. DOI: https://doi.org/10.4000/configuracoes.820
Coleman, R., & Sim, J. (2000). You´ll never walk alone. Britishi Journal of Sociology, 51(4), 623-640. DOI: https://doi.org/10.1080/00071310020015299
Deleuze, G. (1992). Postscript on Control Societies. In T. Levin, U. Frohne & P. Weibel (eds.) CTRL-Space: Rhetorics of surveillance from Bentham to Big Brother. Cambridge, Mass & London: MIT Press.
Durães, D. F. M. (2008). Arquitectura de sistema de vigilância integrada (Dissertação de mestrado). Programa de Pós-Graduação em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, Porto.
É-Paraná. (2015a). Centro controle SESP. Reportagem em vídeo disponibilizada no YouTube em 13 de julho de 2015. Recuperado em 05 de maio de 2016, de https://www.youtube.com/watch?v=FkuPy35wHOM
É-Paraná. (2015b). Ativação CICCR Saúde. Reportagem em vídeo disponibilizada no YouTube em 04 de agosto de 2015. Recuperado em 05 de maio de 2016, de https://www.youtube.com/watch?v=mOQVVNCImLk
É-Paraná. (2015b). Olhos Curitiba Segurança. Reportagem em vídeo disponibilizada no YouTube em 03 de agosto de 2015. Recuperado em 05 de maio de 2016, de https://www.youtube.com/watch?v=gNObhWqkcno
Exame. (2015). As 250 cidades mais violentas do Brasil. Revista Exame, 10 de novembro de 2015. Recuperado em 02 de maio de 2016, de http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/as-250-cidades-mais-violentas-do-brasil
Exame. (2016). As 50 cidades mais violentas do mundo — 21 delas no Brasil. Revista Exame, 28 de janeiro de 2016. Recuperado em 02 de maio de 2016, de http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/as-50-cidades-mais-violentas-do-mundo-21- delas-no-brasil
Fyfe, N. R. (2004). Zero Tolerance, Maximum Surveillance? Deviance, Difference and Crime Control. In: L. Lees (Ed.) The Late-Modern City’: The Emancipatory City? Paradoxes and Possibilities (p.40-56). London: Sage. DOI: https://doi.org/10.4135/9781446221365.n3
Foucault, M. (1995). Sujeito e o poder. In: D. Rabinow. Uma trajetória filosófica. Rio de Janeiro. Forense Universitária.
Foucault, M. (1999). Vigiar e punir: o nascimento da prisão. Rio de Janeiro: Editora Vozes.
Foucault, M. (2008). Segurança, território, população. São Paulo: Martins Fontes, 2008
Fuchs, C. (2011). Como podemos definir vigilância? MATRIZes, 1, 109-136. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v5i1p109-136
Garland, D. (2001). The culture of control: crime and social order in contemporary society. New York: Oxford. DOI: https://doi.org/10.7208/chicago/9780226190174.001.0001
Giddens, A. (1990). The consequences of modernity. Cambridge: Polity.
Governo do Estado do Paraná. (2014). Relatório Final Copa do Mundo 2014. Recuperado em 29 de abril de 2016, de http://www.copa2014.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=219
Graham, S., & Murakami Wood, D. M. (2003). Digitizing surveillance: categorization, space, inequality. Critical Social Policy, 23(2), 227-248. DOI: https://doi.org/10.1177/0261018303023002006
Graham, S., & Murakami Wood, D. (2006). Infrastructure and Built Environment. In: D. Murakami Wood (Ed.). Report of the surveillance society: Infrastructure and Built Environment. London.
Haggerty, K., & Ericson, R. (2000). The surveillant assemblage. British Journal of Sociology, 51(4), 605-622. DOI: https://doi.org/10.1080/00071310020015280
Hampapur, A., Brown, L., Connell, J., Pankanti, S., Senior, A., & Tian, Y. (2003). Smart Surveillance: Applications, Technologies and Implications. In: IV ICICS - International Conference on Information, Communication & Signal Processing, 15- 18 December, Singapore.
Hempel, L., & Topfer E. (2002). Urbaneye: inception report-working paper No. 1. Berlin: Centre for Technology and Society Technical University Berlin.
Howarth, D., & Stavrakakis, Y. (2000) Introducing Discourse Theory and Political Analysis. In: D. Howarth, A. J. Norval., & Y. Stavrakakis. Discourse theory and political analysis. Manchester: Manchester University Press.
Kanashiro, M. (2009). Mobilidade como foco das tecnologias de vigilância. RBCS - Revista Brasileira de Ciências Sociais, 24(71), 41-54. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69092009000300004
Kitchin, R. (2014). From a single line of code to an entire city: reframing thinking on code and the city. In Code and the City workshop, Programmable City, NIRSA. Maynooth: National University of Ireland Maynooth. DOI: https://doi.org/10.2139/ssrn.2520435
Kirk, J., & Miller, M. L. (1986). Reliability and validity in qualitative research. Thousand Oaks: Sage Publications. DOI: https://doi.org/10.4135/9781412985659
Komninos, N. (2011). Intelligent cities: Variable geometries of spatial intelligence. Intelligent Buildings International, 3, 172-188. DOI: https://doi.org/10.1080/17508975.2011.579339
Kruegle, H. (2007). CCTV surveillance: analog and digital video practices and technology. Oxford: Elsevier. DOI: https://doi.org/10.1016/B978-075067768-4/50012-5
Laclau, E., & Mouffe, C. (1985). Hegemony and socialist strategy. London: Verso.
Leite, C., & Awad, J. C. M. (2012). Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes - Desenvolvimento Sustentável Num Planeta Urbano. Porto Alegre: Bookman.
Lemos, A. (2013). Cidades inteligentes: De que forma as novas tecnologias -como a computação em nuvem, o Big Data e a Internet das Coisas — podem melhorar a condição de vida nos espaços urbanos? Gvexecutivo, 12(2), p.46-49.
Lemos, A., & Firmino, R. (2015). I connect, therefore I am!: places, locales, locations and informational territorialization.Estudos do século XX, 15,17-34. Coimbra University Press. DOI: https://doi.org/10.14195/1647-8622_15_1
Lopes, A. C. (2013). Teorias pós-críticas, política e currículo. Educação, Sociedade & Culturas, 39, 7-23.
Luque-Ayala, A., & Marvin, S. (2015). Developing a critical understanding of smart urbanism? Urban Studies, 52(12), 2105-2116. DOI: https://doi.org/10.1177/0042098015577319
Lyon, D. (1994). The electronic eye: the rise of surveillance society. Cambridge: Polity Press.
Lyon, D. (2001). Facing the future: seeking ethics for everyday surveillance. Ethics and Information Technology, 3(3), 171-180. DOI: https://doi.org/10.1023/A:1012227629496
Lyon, D. (2003). Surveillance as social sorting: privacy, risk and digital discrimination. London: Routledge.
Lyon, D (2007). Surveillance studies: an overview. Cambridge UK: Polity Press.
Martins, G. A. (2008). Estudo de caso: uma reflexão sobre a aplicabilidade em pesquisas no Brasil RCO – Revista de Contabilidade e Organizações, 2(2), 8-18. DOI: https://doi.org/10.11606/rco.v2i2.34702
Mcgrath, J. (2004). Loving Big Brother: Performance, privacy and surveillance space. London & New York: Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203642481
Mccahill, M., & Norris, C. (2002). CCTV in Britain Urbaneye Working Paper no. 3. Berlin: Centre for technology and Society, Technical University of Berlin.
Melgaço, L. (2012). Estudantes sob controle: a racionalização do espaço escolar através do uso de câmeras de vigilância. O Social em questão, ano XV, 27, 193-212.
Ministério do Esporte. (2014). Balanço Final para as Ações da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 (6°Balanço). Dezembro de 2014. Ministério do Esporte, Brasil. Recuperado em 29 de abril de 2016 de http://www.esporte.gov.br/arquivos/assessoriaEspecialFutebol/copa2014/6_Balanco_ Copa_dez_2014.pdf
Nam, T., & Pardo, T. A. (2011). Conceptualizing Smart City with Dimensions of Technology, People, and Institutions. In: 12th Annual International Conference on Digital Government Research, New York. DOI: https://doi.org/10.1145/2037556.2037602
Orwell, G. (2009). 1984. São Paulo: Companhia das Letras.
Portal 247. (2014). Mil câmeras farão a segurança durante a Copa. Notícia publicada em 27 de maio de 2014. Recuperado de http://www.brasil247.com/pt/247/pernambuco247/141315/Mil-c%C3%A2meras- far%C3%A3o-a-seguran%C3%A7a-durante-a-Copa.htm
Portal da Copa (2014). Paraná vira um Big Brother para a Copa 2014. Notícia publicada em 11 de abril de 2014. Recuperado em 29 de abril de 2016, de
http://www.copa2014.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=1562
Ramalho, A. M. F. (2015). O planejamento e a gestão metropolitana para a Copa do Mundo de 2014: construções e desconstruções na Região Metropolitana do Recife. In: A. M. F. Ramalho (Org.). Recife: os impactos da Copa do Mundo 2014 (p.17-62). Rio de Janeiro: Oficina de Livros.
Rose, N. (1999). Powers of freedom: reframing political thought. Cambridge, New York and Melbourne: Cambridge University Press. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511488856
RPC - Rede Paranaense de Comunicação. (2015). Centro Integrado de Comando e Controle do Paraná é reinaugurado em Curitiba. Reportagem de 04 de agosto de 2015. Recuperado de http://g1.globo.com/pr/parana/videos/v/centro-integrado-de- comando- e-controle-do-parana- e-reinaugurado-em-curitiba/4368507/
Secretaria de Segurança Pública do Estado do Paraná. (2014). Segurança Pública do Paraná apresenta o Centro Integrado de Comando e Controle para a Copa do Mundo. Notícia publicada em 06 de junho de 2014. Recuperado de http://www.pmpr.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=10153
SIA - Security Industry Association. (2012). SIAs Brazil Security Market. Recuperado em 09 de setembro de 2012, de http://www.siaonline.org/content.aspx?id=6146
Simon, B. (2005). The Return of Panopticism: Supervision, Subjection and the New Surveillance. Surveillance & Society 3(1), 1-20. DOI: https://doi.org/10.24908/ss.v3i1.3317
Sinclair, J. (1991). Corpus, concordance, collocation. Oxford: Oxford University Press.
Thite, M. (2011). Smart cities: implications of urban planning for human resource development, Human Resource Development International, 14(5), 623-631. DOI: https://doi.org/10.1080/13678868.2011.618349
Tilley, N. (1998). Evaluating the effectiveness of CCTV schemes. In C. Norris, J. Moran, & G. Armstrong (Eds.). Surveillance, closed circuit television and social control (p.139- 152). Aldershot: Ashgate.
TUWIEN - Technische Universität Wien. (2015). European Smart Cities 4.0. Recuperado de http://www.smart-cities.eu/?cid=01&ver=4
TVNBR. (2014). Centro integrado coordena segurança durante a Copa. Reportagem em vídeo disponibilizada no YouTube em 12 de junho de 2014. Recuperado em 05 de maio de 2016, de https://www.youtube.com/watch?v=u8_JimGSc_M
URBS - Urbanização de Curitiba. (2015). Prefeitura inicia implantação do centro de gestão e controle operacional. Notícia publicada em 31 de março de 2015. Recuperado em 10 de maio de 2016, de http://www.urbs.curitiba.pr.gov.br/noticia/prefeitura-inicia- implantacao-do-centro-de-gestao-e-controle-operacional
Vidal Jr., I. F. (2016). Invisibilidade, superficialidade e plasticidade: três hipóteses sobre as câmeras inteligentes. Galáxia, 31, 156-167. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-25542016124270
Vigner, N.G., Lowry, S.S., Markman, J.A., & Dwyer, A.M. (2011). Evaluating the use of public surveillance cameras for crime control and prevention. Chicago: The Urban Institute.
Virilio, P. (2012). Administration of fear: Semiotext (e) Intervention series. London: The MIT Press.
Wadhwa, T. (2015). Smart City: Torward the surveillance society. In: D. Araya (Ed.). Smart Cities as Democratic ecology. Hampshire: Palgrave Macmillan. DOI: https://doi.org/10.1057/9781137377203_9
Yin, R. (2001). Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Authors who publish with this journal agree to the following terms:
• 1. The author(s) authorize the publication of the article in the journal.
• 2. The author(s) ensure that the contribution is original and unpublished and is not being evaluated in other journal(s).
• 3. The journal is not responsible for the opinions, ideas and concepts expressed in the texts because they are the sole responsibility of the author(s).
• 4. The publishers reserve the right to make adjustments and textual adaptation to the norms of APA.
• 5. Authors are able to enter into separate, additional contractual arrangements for the non-exclusive distribution of the journal's published version of the work (e.g., post it to an institutional repository or publish it in a book), with an acknowledgement of its initial publication in this journal.
• 6. Authors are permitted and encouraged to post their work online (e.g., in institutional repositories or on their website) prior to and during the submission process, as it can lead to productive exchanges, as well as earlier and greater citation of published work (See The Effect of Open Access) at http://opcit.eprints.org/oacitation-biblio.html