Smart surveillance em aplicações recentes no Brasil:Um estudo de caso nas cidades de Recife e Curitiba

Autores

  • Marcela de Moraes Batista PUCPR
  • Tharsila Maynardes Dallabona Fariniuk PUCPR
  • Sérgio Carvalho Benício de Mello UFPE

DOI:

https://doi.org/10.7769/gesec.v7i2.549

Palavras-chave:

smartsurveillance, inteligenciamento urbano, Recife, Curitiba

Resumo

A prática de coletar informações do meio evoluiu ao longo do tempo, e o advento tecnológico dos últimos anos gerou mudanças substanciais neste processo. A utilização de tecnologias cada vez menores e mais sofisticadas  para fins de vigilância, prevenção e militarização do espaço urbano é parte deste processo, e constitui a chamada smartsurveillance. No Brasil, o exemplo mais recente e de maiores proporções deste tipo de aplicação é a criação dos CICCs - Centros Integrados de Comando e Controle - para a Copa do Mundo FIFA 2014. Neste contexto, a presente pesquisa questiona de que forma ocorreram os processos de smartsurveillance implementados em cidades brasileiras na ocasião.  Objetiva-se identificar de que modo o aparato tecnológico para vigilância instalado vem sendo utilizado nas cidades de Recife e Curitiba, no sentido de aproveitar o legado do evento esportivo e de contribuir  para a gestão tecnológica do espaço urbano e para a  redução da criminalidade. A escolha dos estudos de caso ocorreu devido a critérios populacionais, de similaridade no número de jogos recebidos e de aproximações em rankings que medem índice de criminalidade urbana. A metodologia aplicada envolveu teoria e análise de discurso Laclau & Mouffe (1985), e critérios de caracterização da vigilância eletrônica Bruno (2012). Os resultados indicaram que em ambas as cidades, a implantação dos CICCs se assemelha a um tipo moderno de panóptico, o qual está baseado no discurso do combate aos problemas sociais e à violência urbana, além da relativa isenção da liberdade e do anonimato. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcela de Moraes Batista, PUCPR

Administradora (UPE)

Doutoranda em Gestão Urbana PPGTU/PUC-PR

 

Tharsila Maynardes Dallabona Fariniuk, PUCPR

Arquiteta e Urbanista (PUCPR)

Doutoranda em Gestão Urbana PPGTU/PUC-PR

Sérgio Carvalho Benício de Mello, UFPE

Admistrador (UNICAP)

Doutor em Business Studies (City University London, Inglaterra)

Referências

Aceco TI (s/d). Centro Integrado de Comando e Controle: Soluções de Infraestrutura e TI para ambientes críticos. Recuperado de http://www.acecoti.com.br

Amin, A., & Thrift, N. (2002). Cities: reimagining the urban. Cambridge: Polity Press.

Band Cidade Curitiba (2014). Milhares de câmeras de segurança são instaladas em Curitiba e nas estradas para a Copa. Vídeo com reportagem disponibilizada no YouTube em 15 de abril de 2014. Recuperado em 5 de maio de 2016, de https://www.youtube.com/watch?v=AaDYpZZs5aE

Batista, M. de M. (2013). Muito além da vigilância eletrônica: um estudo acerca do discurso governamental do Centro de Comando e Controle Integrado de Pernambuco (Dissertação de Mestrado). Programa de Pós-graduação em Administração, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

Bauer, M. W., & Aarts, B. (2002). A construção do corpus: um princípio para a coleta de dados qualitativos. In M. W. Bauer & G. Gaskell (Eds.), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som (pp. 39-63). Petrópolis: Vozes.

Beck, U. (2006). Risk society: towards a new modernity. London: Sage.

Boggard, W. (1996). The simulation of surveillance: hypercontrol in telematic societies. Cambridge: Cambridge University Press.

Bruno, F. (2013a). Máquinas de ver, modos de ser: vigilância, tecnologia e subjetividade. Porto Alegre: Sulina.

Bruno, F. (2013b). Vigilância hoje. Entrevista concedida a Eduardo de Jesus. Dispositiva, 2(1), 75-82.

Cardoso, B. V. (2011). Vigilantes eletrônicos no Rio de Janeiro: agenciamentos sociotécnicos e pesquisa em tecnologia. Configurações, 8, 97-108. DOI: https://doi.org/10.4000/configuracoes.820

Coleman, R., & Sim, J. (2000). You´ll never walk alone. Britishi Journal of Sociology, 51(4), 623-640. DOI: https://doi.org/10.1080/00071310020015299

Deleuze, G. (1992). Postscript on Control Societies. In T. Levin, U. Frohne & P. Weibel (eds.) CTRL-Space: Rhetorics of surveillance from Bentham to Big Brother. Cambridge, Mass & London: MIT Press.

Durães, D. F. M. (2008). Arquitectura de sistema de vigilância integrada (Dissertação de mestrado). Programa de Pós-Graduação em Engenharia Electrotécnica e de Computadores, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, Porto.

É-Paraná. (2015a). Centro controle SESP. Reportagem em vídeo disponibilizada no YouTube em 13 de julho de 2015. Recuperado em 05 de maio de 2016, de https://www.youtube.com/watch?v=FkuPy35wHOM

É-Paraná. (2015b). Ativação CICCR Saúde. Reportagem em vídeo disponibilizada no YouTube em 04 de agosto de 2015. Recuperado em 05 de maio de 2016, de https://www.youtube.com/watch?v=mOQVVNCImLk

É-Paraná. (2015b). Olhos Curitiba Segurança. Reportagem em vídeo disponibilizada no YouTube em 03 de agosto de 2015. Recuperado em 05 de maio de 2016, de https://www.youtube.com/watch?v=gNObhWqkcno

Exame. (2015). As 250 cidades mais violentas do Brasil. Revista Exame, 10 de novembro de 2015. Recuperado em 02 de maio de 2016, de http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/as-250-cidades-mais-violentas-do-brasil

Exame. (2016). As 50 cidades mais violentas do mundo — 21 delas no Brasil. Revista Exame, 28 de janeiro de 2016. Recuperado em 02 de maio de 2016, de http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/as-50-cidades-mais-violentas-do-mundo-21- delas-no-brasil

Fyfe, N. R. (2004). Zero Tolerance, Maximum Surveillance? Deviance, Difference and Crime Control. In: L. Lees (Ed.) The Late-Modern City’: The Emancipatory City? Paradoxes and Possibilities (p.40-56). London: Sage. DOI: https://doi.org/10.4135/9781446221365.n3

Foucault, M. (1995). Sujeito e o poder. In: D. Rabinow. Uma trajetória filosófica. Rio de Janeiro. Forense Universitária.

Foucault, M. (1999). Vigiar e punir: o nascimento da prisão. Rio de Janeiro: Editora Vozes.

Foucault, M. (2008). Segurança, território, população. São Paulo: Martins Fontes, 2008

Fuchs, C. (2011). Como podemos definir vigilância? MATRIZes, 1, 109-136. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v5i1p109-136

Garland, D. (2001). The culture of control: crime and social order in contemporary society. New York: Oxford. DOI: https://doi.org/10.7208/chicago/9780226190174.001.0001

Giddens, A. (1990). The consequences of modernity. Cambridge: Polity.

Governo do Estado do Paraná. (2014). Relatório Final Copa do Mundo 2014. Recuperado em 29 de abril de 2016, de http://www.copa2014.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=219

Graham, S., & Murakami Wood, D. M. (2003). Digitizing surveillance: categorization, space, inequality. Critical Social Policy, 23(2), 227-248. DOI: https://doi.org/10.1177/0261018303023002006

Graham, S., & Murakami Wood, D. (2006). Infrastructure and Built Environment. In: D. Murakami Wood (Ed.). Report of the surveillance society: Infrastructure and Built Environment. London.

Haggerty, K., & Ericson, R. (2000). The surveillant assemblage. British Journal of Sociology, 51(4), 605-622. DOI: https://doi.org/10.1080/00071310020015280

Hampapur, A., Brown, L., Connell, J., Pankanti, S., Senior, A., & Tian, Y. (2003). Smart Surveillance: Applications, Technologies and Implications. In: IV ICICS - International Conference on Information, Communication & Signal Processing, 15- 18 December, Singapore.

Hempel, L., & Topfer E. (2002). Urbaneye: inception report-working paper No. 1. Berlin: Centre for Technology and Society Technical University Berlin.

Howarth, D., & Stavrakakis, Y. (2000) Introducing Discourse Theory and Political Analysis. In: D. Howarth, A. J. Norval., & Y. Stavrakakis. Discourse theory and political analysis. Manchester: Manchester University Press.

Kanashiro, M. (2009). Mobilidade como foco das tecnologias de vigilância. RBCS - Revista Brasileira de Ciências Sociais, 24(71), 41-54. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69092009000300004

Kitchin, R. (2014). From a single line of code to an entire city: reframing thinking on code and the city. In Code and the City workshop, Programmable City, NIRSA. Maynooth: National University of Ireland Maynooth. DOI: https://doi.org/10.2139/ssrn.2520435

Kirk, J., & Miller, M. L. (1986). Reliability and validity in qualitative research. Thousand Oaks: Sage Publications. DOI: https://doi.org/10.4135/9781412985659

Komninos, N. (2011). Intelligent cities: Variable geometries of spatial intelligence. Intelligent Buildings International, 3, 172-188. DOI: https://doi.org/10.1080/17508975.2011.579339

Kruegle, H. (2007). CCTV surveillance: analog and digital video practices and technology. Oxford: Elsevier. DOI: https://doi.org/10.1016/B978-075067768-4/50012-5

Laclau, E., & Mouffe, C. (1985). Hegemony and socialist strategy. London: Verso.

Leite, C., & Awad, J. C. M. (2012). Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes - Desenvolvimento Sustentável Num Planeta Urbano. Porto Alegre: Bookman.

Lemos, A. (2013). Cidades inteligentes: De que forma as novas tecnologias -como a computação em nuvem, o Big Data e a Internet das Coisas — podem melhorar a condição de vida nos espaços urbanos? Gvexecutivo, 12(2), p.46-49.

Lemos, A., & Firmino, R. (2015). I connect, therefore I am!: places, locales, locations and informational territorialization.Estudos do século XX, 15,17-34. Coimbra University Press. DOI: https://doi.org/10.14195/1647-8622_15_1

Lopes, A. C. (2013). Teorias pós-críticas, política e currículo. Educação, Sociedade & Culturas, 39, 7-23.

Luque-Ayala, A., & Marvin, S. (2015). Developing a critical understanding of smart urbanism? Urban Studies, 52(12), 2105-2116. DOI: https://doi.org/10.1177/0042098015577319

Lyon, D. (1994). The electronic eye: the rise of surveillance society. Cambridge: Polity Press.

Lyon, D. (2001). Facing the future: seeking ethics for everyday surveillance. Ethics and Information Technology, 3(3), 171-180. DOI: https://doi.org/10.1023/A:1012227629496

Lyon, D. (2003). Surveillance as social sorting: privacy, risk and digital discrimination. London: Routledge.

Lyon, D (2007). Surveillance studies: an overview. Cambridge UK: Polity Press.

Martins, G. A. (2008). Estudo de caso: uma reflexão sobre a aplicabilidade em pesquisas no Brasil RCO – Revista de Contabilidade e Organizações, 2(2), 8-18. DOI: https://doi.org/10.11606/rco.v2i2.34702

Mcgrath, J. (2004). Loving Big Brother: Performance, privacy and surveillance space. London & New York: Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9780203642481

Mccahill, M., & Norris, C. (2002). CCTV in Britain Urbaneye Working Paper no. 3. Berlin: Centre for technology and Society, Technical University of Berlin.

Melgaço, L. (2012). Estudantes sob controle: a racionalização do espaço escolar através do uso de câmeras de vigilância. O Social em questão, ano XV, 27, 193-212.

Ministério do Esporte. (2014). Balanço Final para as Ações da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 (6°Balanço). Dezembro de 2014. Ministério do Esporte, Brasil. Recuperado em 29 de abril de 2016 de http://www.esporte.gov.br/arquivos/assessoriaEspecialFutebol/copa2014/6_Balanco_ Copa_dez_2014.pdf

Nam, T., & Pardo, T. A. (2011). Conceptualizing Smart City with Dimensions of Technology, People, and Institutions. In: 12th Annual International Conference on Digital Government Research, New York. DOI: https://doi.org/10.1145/2037556.2037602

Orwell, G. (2009). 1984. São Paulo: Companhia das Letras.

Portal 247. (2014). Mil câmeras farão a segurança durante a Copa. Notícia publicada em 27 de maio de 2014. Recuperado de http://www.brasil247.com/pt/247/pernambuco247/141315/Mil-c%C3%A2meras- far%C3%A3o-a-seguran%C3%A7a-durante-a-Copa.htm

Portal da Copa (2014). Paraná vira um Big Brother para a Copa 2014. Notícia publicada em 11 de abril de 2014. Recuperado em 29 de abril de 2016, de

http://www.copa2014.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=1562

Ramalho, A. M. F. (2015). O planejamento e a gestão metropolitana para a Copa do Mundo de 2014: construções e desconstruções na Região Metropolitana do Recife. In: A. M. F. Ramalho (Org.). Recife: os impactos da Copa do Mundo 2014 (p.17-62). Rio de Janeiro: Oficina de Livros.

Rose, N. (1999). Powers of freedom: reframing political thought. Cambridge, New York and Melbourne: Cambridge University Press. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511488856

RPC - Rede Paranaense de Comunicação. (2015). Centro Integrado de Comando e Controle do Paraná é reinaugurado em Curitiba. Reportagem de 04 de agosto de 2015. Recuperado de http://g1.globo.com/pr/parana/videos/v/centro-integrado-de- comando- e-controle-do-parana- e-reinaugurado-em-curitiba/4368507/

Secretaria de Segurança Pública do Estado do Paraná. (2014). Segurança Pública do Paraná apresenta o Centro Integrado de Comando e Controle para a Copa do Mundo. Notícia publicada em 06 de junho de 2014. Recuperado de http://www.pmpr.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=10153

SIA - Security Industry Association. (2012). SIAs Brazil Security Market. Recuperado em 09 de setembro de 2012, de http://www.siaonline.org/content.aspx?id=6146

Simon, B. (2005). The Return of Panopticism: Supervision, Subjection and the New Surveillance. Surveillance & Society 3(1), 1-20. DOI: https://doi.org/10.24908/ss.v3i1.3317

Sinclair, J. (1991). Corpus, concordance, collocation. Oxford: Oxford University Press.

Thite, M. (2011). Smart cities: implications of urban planning for human resource development, Human Resource Development International, 14(5), 623-631. DOI: https://doi.org/10.1080/13678868.2011.618349

Tilley, N. (1998). Evaluating the effectiveness of CCTV schemes. In C. Norris, J. Moran, & G. Armstrong (Eds.). Surveillance, closed circuit television and social control (p.139- 152). Aldershot: Ashgate.

TUWIEN - Technische Universität Wien. (2015). European Smart Cities 4.0. Recuperado de http://www.smart-cities.eu/?cid=01&ver=4

TVNBR. (2014). Centro integrado coordena segurança durante a Copa. Reportagem em vídeo disponibilizada no YouTube em 12 de junho de 2014. Recuperado em 05 de maio de 2016, de https://www.youtube.com/watch?v=u8_JimGSc_M

URBS - Urbanização de Curitiba. (2015). Prefeitura inicia implantação do centro de gestão e controle operacional. Notícia publicada em 31 de março de 2015. Recuperado em 10 de maio de 2016, de http://www.urbs.curitiba.pr.gov.br/noticia/prefeitura-inicia- implantacao-do-centro-de-gestao-e-controle-operacional

Vidal Jr., I. F. (2016). Invisibilidade, superficialidade e plasticidade: três hipóteses sobre as câmeras inteligentes. Galáxia, 31, 156-167. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-25542016124270

Vigner, N.G., Lowry, S.S., Markman, J.A., & Dwyer, A.M. (2011). Evaluating the use of public surveillance cameras for crime control and prevention. Chicago: The Urban Institute.

Virilio, P. (2012). Administration of fear: Semiotext (e) Intervention series. London: The MIT Press.

Wadhwa, T. (2015). Smart City: Torward the surveillance society. In: D. Araya (Ed.). Smart Cities as Democratic ecology. Hampshire: Palgrave Macmillan. DOI: https://doi.org/10.1057/9781137377203_9

Yin, R. (2001). Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.

Downloads

Publicado

2016-09-11

Como Citar

Batista, M. de M., Dallabona Fariniuk, T. M., & Benício de Mello, S. C. (2016). Smart surveillance em aplicações recentes no Brasil:Um estudo de caso nas cidades de Recife e Curitiba. Revista De Gestão E Secretariado, 7(2), 104–137. https://doi.org/10.7769/gesec.v7i2.549

Edição

Seção

Temática